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quinta-feira, 15 de maio de 2014

SEMANA DE ARTE MODERNA

A Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo, no Teatro Municipal, de 11 a 18 de fevereiro, teve como principal propósito renovar, transformar o contexto artístico e cultural urbano, tanto na literatura, quanto nas artes plásticas, na arquitetura e na música. Mudar, subverter uma produção artística, criar uma arte essencialmente brasileira, embora em sintonia com as novas tendências europeias, essa era basicamente a intenção dos modernistas.
Durante uma semana a cidade entrou em plena ebulição cultural, sob a inspiração de novas linguagens, de experiências artísticas, de uma liberdade criadora sem igual, com o consequente rompimento com o passado. Novos conceitos foram difundidos e despontaram talentos como os de Mário e Oswald de Andrade na literatura, Víctor Brecheret na escultura e Anita Malfatti na pintura.
O movimento modernista eclodiu em um contexto repleto de agitações políticas, sociais, econômicas e culturais. Em meio a este redemoinho histórico surgiram as vanguardas artísticas e linguagens liberadas de regras e de disciplinas. A Semana, como toda inovação, não foi bem acolhida pelos tradicionais paulistas, e a crítica não poupou esforços para destruir suas ideias, em plena vigência da República Velha, encabeçada por oligarcas do café e da política conservadora que então dominava o cenário brasileiro. A elite, habituada aos modelos estéticos europeus mais arcaicos, sentiu-se violentada em sua sensibilidade e afrontada em suas preferências artísticas.
A nova geração intelectual brasileira sentiu a necessidade de transformar os antigos conceitos do século XIX. Embora o principal centro de insatisfação estética seja, nesta época, a literatura, particularmente a poesia, movimentos como o Futurismo, o Cubismo e o Expressionismo começavam a influenciar os artistas brasileiros. Anita Malfatti trazia da Europa, em sua bagagem, experiências vanguardistas que marcaram intensamente o trabalho desta jovem, que em 1917 realizou a que ficou conhecida como a primeira exposição do Modernismo brasileiro. Este evento foi alvo de escândalo e de críticas ferozes de Monteiro Lobato, provocando assim o nascimento da Semana de Arte Moderna.
O catálogo da Semana apresenta nomes como os de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, John Graz, Oswaldo Goeldi, entre outros, na Pintura e no Desenho; Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg, na Escultura; Antônio Garcia Moya e Georg Przyrembel, na Arquitetura. Entre os escritores encontravam-se Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, e outros mais. A música estava representada por autores consagrados, como Villa-Lobos, Guiomar Novais, Ernani Braga e Frutuoso Viana.
Em 1913, sementes do Modernismo já estavam sendo cultivadas. O pintor Lasar Segall, vindo recentemente da Alemanha, realizara exposições em São Paulo e em Campinas, recepcionadas com certa indiferença. Segall retornou então à Alemanha e só voltou ao Brasil dez anos depois, em um momento bem mais propício. A mostra de Anita Malfatti, que desencadeou a Semana, apesar da violenta crítica recebida, reunir ao seu redor artistas dispostos a empreender uma luta pela renovação artística brasileira. A exposição de artes plásticas da Semana de Arte Moderna foi organizada por Di Cavalcanti e Rubens Borba de Morais e contou também com a colaboração de Ronald de Carvalho, do Rio de Janeiro. Após a realização da Semana, alguns dos artistas mais importantes retornaram para a Europa, enfraquecendo o movimento, mas produtores artísticos como Tarsila do Amaral, grande pintora modernista, faziam o caminho inverso, enriquecendo as artes plásticas brasileiras.
A Semana não foi tão importante no seu contexto temporal, mas o tempo a presenteou com um valor histórico e cultural talvez inimaginável naquela época. Não havia entre seus participantes uma coletânea de ideias comum a todos, por isso ela se dividiu em diversas tendências diferentes, todas pleiteando a mesma herança, entre elas o Movimento Pau-Brasil, o Movimento Verde-Amarelo e Grupo da Anta, e o Movimento Antropofágico. Os principais meios de divulgação destes novos ideais eram a Revista Klaxon e a Revista de Antropofagia.
O principal legado da Semana de Arte Moderna foi libertar a arte brasileira da reprodução nada criativa de padrões europeus, e dar início à construção de uma cultura essencialmente nacional.
 Cândido Portinari
Brasil
Meu Brasil brasileiro 
Meu mulato inzoneiro 
Vou cantar-te nos meus versos... 
Portinari não fez versos como Ari Barroso autor da letra do samba-exaltação Aquarela do Brasil, mas dedicou-se como poucos a um profundo mergulho na vida, nas alegrias, nas festas, no trabalho e nas lutas de seu povo, tornando-o o tema central de sua vasta obra que envolveu a pintura, a gravura e desenho. 

Nascido em 1903 na cidade de Brodósqui, no interior do estado de São Paulo, Cândido Portinari envolveu-se cedo com as artes. Por volta de 1919 foi para o Rio de Janeiro, onde estudou no Liceu de Artes e Ofícios e na Escola Nacional de Belas Artes. Aproveite para contar para os alunos que essa era a mais tradicional e importante escola de arte no Brasil. A instituição tinha suas raízes no século 19, quando se chamava Academia Imperial de Belas Artes - lá haviam estudado grandes nomes como os pintores José Ferraz de Almeida Jr., Pedro Américo, Pedro Alexandrino, entre outros. 

Em 1928, Portinari conquistou um grande prêmio: uma viagem à Europa, quando visitou diversos países e conheceu de perto a obra dos grandes mestres da pintura. 

Embora sua primeira formação tenha sido bastante tradicional, o artista sofreu influências das vanguardas europeias como o expressionismo, o cubismo e o surrealismo, determinantes para que ele se envolvesse com as tendências modernas que despontavam no Brasil. 

Aos poucos seu trabalho ganhou reconhecimento no Brasil e no exterior. Portinari foi o primeiro artista brasileiro modernista a conquistar um prêmio no exterior. Sua obra Café foi premiada nos Estados Unidos, no Carnegie Institute of Pittsburgh. A partir daí, suas pinturas abriram portas para uma série de grandes realizações e premiações. 

Algumas das características do trabalho do artista são a monumentalidade de suas formas e o envolvimento com as questões sociais do país. Isso mostra como recebeu a influência dos artistas muralistas mexicanos e da obra de Pablo Picasso (especialmente a pintura "Guernica"). 

Entre os modernistas brasileiros, Portinari foi, sem dúvida, um dos que mais penetraram e divulgaram no exterior a vida de seu povo.

Aproveite a explicação para mostrar algumas das obras de Portinari à turma que revelem esse traço de "pintor social" (você pode aproveitar o site do Projeto Portinari ). Mostre como o artista esteve empenhado em retratar temas ligados à realidade do povo brasileiro: desde as brincadeiras de rua (empinar pipa, jogar bola etc), a vida dos trabalhadores, até alguns dos problemas como o dos retirantes nordestinos que sofrem com as regiões mais secas do nosso sertão. Destaque como, por meio dos elementos visuais, ele tornou seu trabalho expressivo, a maneira como lidou com as cores e as formas que tornaram as cenas escolhidas mais tocantes. 

Alguns dos trabalhos mais conhecidos de Portinari são murais realizadas no Brasil, como os painéis do prédio do Ministério da Educação e Cultura - Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, e o mural da Igreja de São Francisco, no conjunto arquitetônico da Pampulha (projeto de Oscar Niemeyer) em Belo Horizonte. No exterior destacam-se os painéis da sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, e os da Biblioteca do Congresso, em Washington D.C. (EUA), entre outros. 

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