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sábado, 12 de julho de 2014

O QUE É FOTOGRAFAR?







Breve História do cinema no Brasil


Do século XIX, quando os Irmãos Lumière criaram o primeiro cinematógrafo, até os dias de hoje, muita coisa mudou no mundo da sétima arte. O que era apenas uma experiência científica derivada da fotografia se transformou em um dos negócios mais lucrativos da indústria do entretenimento.
       Sete meses se passaram da primeira projeção de cinema em Paris, para que o cinematógrafo dos irmãos Lumière atravessasse o Atlântico e desembarcasse no Rio de Janeiro, na época capital do Brasil.
Em 8 de julho de 1896 foi exibida a primeira sessão pública cinematográfica utilizando um aparelho chamado Omniographo (projetor de imagens animadas através de uma série de fotografias).
A primeira sala fixa de exibições foi inaugurada em 1897.
Em junho de 1898, Afonso Segreto (irmão de Pascoal) em sua chegada da Europa, registra com uma câmera Lumièr algumas imagens da Baía de Guanabara.
A partir daí os irmãos Segreto passam a filmar imagens dos acontecimentos cívicos, e os personagens no poder, como por exemplo, o então presidente Prudente de Morais.
Cerimônias, festas públicas, acontecimentos importantes e aspectos da cidade são filmados pelos irmãos num momento crucial de transformações, tornando-os praticamente os únicos produtores de cinema do país até 1903.
Dois anos depois, em 13 de fevereiro de 1898, José Roberto de Cunha Sales (Médico e ex. sócio de Pascoal Segreto) realiza uma a primeira exibição  cinematográfica em São Paulo.
O cinema se espalha por outras partes do Brasil, além do eixo Rio-São Paulo.
A futura “sétima arte” começa a dar seus primeiros passos em Aracaju em 1899, no Belém do Pará em 1909, com o espanhol Ramón de Baños dedicando-se à produção de documentários; em Manaus por volta de 1912, Porto Alegre com o alemão Eduardo Hirtz, pioneiro do cinema gaúcho que produziu uma série de documentários entre 1907 e 1915.
No estado do Paraná, ainda no final de 1907, Ammibal Rocha Requião realiza seu primeiro filme, registrando imagens de um desfile militar. A Bahia, entre os anos de 1909 e 1912,também contribuiu para o nascimento do cinema brasileiro.
            Além dos irmãos Segretos, outros nomes merecem destaque na história do cinema brasileiro. São eles: os irmãos Labanca, Francisco Serrador; além dos primeiros operadores profissionais Júlio Ferrez, os irmãos Botelho e Paulo Benedetti.
            Francisco Serrador começou como exibidor ambulante em 1904, em Curitiba, e criou um circuito de salas que existem até hoje. Serrador começou a rodar “os cantantes”, filmes contados através da  tela – pelos atores da película. Como por exemplo, Paz e amor (1910), o mais importante desse gênero que prenunciava os carnavalescos da década de 20.
          Os operadores profissionais Júlio Ferraz, os irmãos Botelho e Paulo Benedetti realizaram reportagens importantes como: A revolta dos marinheiros (1910), Dois anos antes (1908) o cinema brasileiro começa a produzir ficções: Nerô a comédia Anastácio chegou de viagem e os estranguladores foram o primeiro sucesso cinematográfico do Brasil, com mais de 800 exibições no Rio de Janeiro.
            Os Estranguladores foi baseado num crime que abalou a sociedade carioca, e inaugurou a chamada “reportagem policial” .
            Outro grande sucesso de exibições é o filme “cantante” Paz e amor (1910), feito por William Awer, que alcançou quase 1000 apresentações, retratando a vida política da república com ares de ridicularizarão e paródia.
O cinema brasileiro já caminha com passos mais seguros em 1910. Novos cinemas foram inaugurados no Rio de Janeiro. Nos primeiros filmes de ficção, os atores vêm do teatro, como por exemplo: João Barbosa, Adelaide Coutinho, Leopoldo Fróis, Abigail Maia, Antônio Serra, entre outros.
            Os estúdios cariocas já produzem em poucos anos mais de 100 filmes, e o produto brasileiro tem a preferência do público em detrimento dos similares estrangeiros.
            Mas em 1911 chega ao Brasil uma embaixada de capitalistas americanos interessados no mercado promissor brasileiro tanto para produção quanto para a exibição de filmes dos EUA.
            Em 29 de janeiro do mesmo ano é fundada a Companhia Cinematográfica Brasileira, com a gerência de Francisco Serrador, industriais e banqueiros ligados ao capital estrangeiro, o que resulta na compra de salas de cinema em todo o país, maior organização do mercado exibindo principalmente no que se refere às películas estrangeiras.
            A Cia. Decide praticamente só exibir filmes estrangeiros. O resultado é desastroso: a produção brasileira de filmes sofre uma grande queda. Atores, Atrizes, cinegrafistas, técnicos e fotógrafos perdem seus empregos.
            O cinema americano pouco a pouco assume a hegemonia.   As grandes produtoras estrangeiras montaram suas distribuidoras no país. Em 1924, mais de 80% dos filmes exibidos vinham dos EUA e a produção nacional não atingia os 2%, e por um bom tempo, o cinema brasileiro vai ficar escondido na sombra da produção cinematográfica dos EUA. 
            No período de 1950 a 1960, em São Paulo, paralelo à fundação do Teatro Brasileiro de Comédia e abertura do Museu de Arte Moderna, surge o estúdio da Vera Cruz que através de fortes investimentos e contratação de profissionais estrangeiros busca produzir no Brasil, uma linha de filmes sérios, industrial, com uma preocupação estético-cultural hollywoodiana e com a participação de grandes estrelas como Tônia Carreiro, Anselmo Duarte, Jardel Filho, entre outros. A Vera Cruz tinha uma produção cara e de qualidade, mas faltava-lhe uma distribuidora própria e salas para absorver a sua produção, uma de suas produções foi premiada em Cannes, o filme Cangaceiro, de Lima Barreto.
    Mazzaropi foi um dos grandes sucessos da Vera Cruz. Radialista e artista de circo foi o responsável pela criação do matuto Jeca Tatu, baseado na obra de Monteiro Lobato. “Sua caricatura do homem simples do interior, porém esperto deu início a uma série de filmes como Sai da Frente” (1951), “Chico Fumaça” (1956) dentre outros, e fez tanto sucesso que abriu a Pam Filmes (Produções Amácio Mazzaropi), sua própria empresa, onde interpretou, dirigiu, produziu e distribuiu seus filmes.
A década de 60, o surgimento do “Cinema novo” trouxe status para o nosso cinema nacional, com filmes marcantes como “O Pagador de Promessas” de Anselmo Duarte, que foi premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes. O grande lema era “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, e lá vinham nossos cineastas mostrando nosso lado mais obscuro, como a pobreza e os problemas sociais que podem ser visto em filmes como “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e “Terra em Transe”, de Glauber Rocha. Um dos grandes nomes deste período foi Nelson Pereira dos Santos. Outros filmes de destaque foram “Barravento”, “Os Cafajestes” (1961) e “Vidas Secas” (1964).
            Infelizmente com a chegada da década de 70 a crise nas artes atingiu o cinema, que já não podia abordar questões sociais e tão somente passou a registrar filmes de consumo fácil: as chamadas pornochanchadas. Larga escala de filmes pífios começaram a ser produzidos, e foi aí que surgiu a ideia de que filme nacional não valia o ingresso, que só começou a redesenhar-se com qualidade a partir de meados da década de 90, com o ressurgimento do nosso cinema.
Final de 1992, ainda no governo de Itamar Franco, o Ministro da Cultura Antônio Houaiss cria a Secretaria para o Desenvolvimento do Audiovisual, que libera recursos para produção de filmes através do Prêmio Resgate do Cinema Brasileiro e passa a trabalhar na elaboração do que viria ser a Lei do Audiovisual, que entraria em vigor no governo de Fernando Henrique Cardoso.
A partir de 1995, começa-se a falar numa "retomada" do cinema brasileiro. Novos mecanismos de apoio à produção, baseados em incentivos fiscais e numa visão neoliberal de "cultura de mercado", conseguem efetivamente aumentar o número de filmes realizados e levar o cinema brasileiro de volta à cena mundial. O filme que inicia este período é Carlota Joaquina, Princesa do Brasil (1995) de Carla Camurati, parcialmente financiado pelo Prêmio Resgate. No entanto, as dificuldades de penetração no seu próprio mercado continuam: a maioria dos filmes não encontra salas de exibição no país, e muitos são exibidos em condições precárias: salas inadequadas, utilização de datas desprezadas pelas distribuidoras estrangeiras, pouca divulgação na mídia local.
Em 1997, para alcançar o mercado cinematográfico, as Organizações Globo criaram sua própria produtora, a Globo Filmes, empresa especializada que veio a reposicionar o cinema brasileiro em, praticamente, todos os segmentos. Isto porque, em um curtíssimo tempo, a produtora Globo Filmes viria a se tornar um grande monopólio ocupante do mercado cinematográfico brasileiro. Entre 1998 e 2003, a empresa se envolveu de maneira direta em 24 produções cinematográficas, e a sua supremacia se cristalizaria definitivamente no último ano deste período, quando os filmes com a participação da empresa obtiveram mais de 90% da receita da bilheteria do cinema brasileiro e mais de 20% do mercado total.
Alguns filmes lançados na primeira década do novo século, com uma temática atual e novas estratégias de lançamento, como Cidade de Deus (2002) de Fernando Meirelles, Carandiru (2003) de Hector Babenco e Tropa de Elite (2007) de José Padilha, alcançam grande público no Brasil e perspectivas de carreira internacional.


Até hoje os filmes brasileiro  é pouco valorizado, tanto pelos donos das salas de exibição quanto pelo próprio público. 

Leitura de Imagem e Releitura

O que é Leitura de Imagem ou Obra de Arte?
 Leitura de Obras de Arte ou imagens seria o mesmo que ler um texto, onde ao invés de letras, palavras, frases, terão uma imagem a ser “desvendada e interpretada”, dependendo do que esta a frente e atrás dos nossos olhos. Ler uma obra seria, então, perceber, compreender, interpretar a trama de cores, texturas, volumes, formas, linhas que constituem uma imagem.
O que é Releitura?
 Releitura é ler novamente, é reinterpretar, é criar novos significados com base num referencial, num texto visual que pode estar explícito ou implícito na obra final.

Ler uma obra de arte é tirá-la de sua imobilidade para devolver-lhe sua pulsação, é deixá-la ser na sua realidade, envolvendo-a com o nosso eu mais íntimo. Por esse motivo, cada nova leitura é uma nova interpretação, e são muitas as interpretações possíveis, porque somos diferentes a cada dia e, também somos diferentes uns dos outros.

Arte, fotografia, novas técnicas. Um redimensionar constante do saber.


Falar em arte, fotografia e novas tecnologias, significa falar do desenvolvimento técnico, do desdobrar do saber, retrato do ser humano e da humanidade contemporâneos. A arte sempre utilizou diferentes técnicas: técnicas médicas para embalsamar as múmias do Egito; técnicas para fixar as tintas; técnicas de construção (engenharia e arquitetura) em monumentos, castelos, igrejas, técnicas artesanais para a fabricação de pincéis; as técnicas de reprodução da imagem: xilogravura, gravura sobre metal, litografia, serigrafia, off-set, etc.  A perspectiva nada mais é do que sistematização do olhar, uma técnica para transcrever sobre um suporte a visão. A fotografia introduziu um procedimento químico que permitiu fixar um espectro da imagem visualizada. Muitos creem que foi a fotografia que forçou a arte a pintar como os impressionistas e, depois, os cubistas. Não estou bem certa disto. Todo um contexto novo gerado pela revolução industrial deu à vida uma nova dimensão. Havia, além do aparecimento de objetos industrializados, uma aceleração da produção, uma aceleração da vida em si, que gerava uma nova compreensão do mundo. Costumo dizer que havia, nesta época, como há agora, uma nova ecologia simbólica sendo gerada.  Os impressionistas são conhecidos por pintarem ao ar livre e este fato é pensado, muitas vezes, apenas, como um desejo de criar novidade na arte. Os impressionistas –não esqueçamos que houve Turner, na Inglaterra, antes deles, e que Turner muito viajou pela França fazendo aquarelas - foram levados a pintar ao livre porque, com a revolução industrial, começou-se a produzir as tintas industriais e as bisnagas de tinta tal quais as conhecemos hoje, e isto facilitava enormemente o transporte das tintas. Antes, as tintas tinham que ser produzidas pelo pintor, ou por um aluno, no atelier, e eram guardadas em bexigas animais (tripas) frágeis ou vidros muito pesados. Cézanne pintou com pincéis e espátulas produzidos industrialmente, obtendo uma pintura totalmente renovada. Tintas e novas cores industriais, bisnagas de metal, pincéis e espátulas feitos em série são frutos da Revolução Industrial que vieram definitivamente modificar a Arte. Os dadaístas trouxeram enormes inovações, não só para a Arte, mas também para a tipografia e a propaganda. Acredito que o próprio conceito de arte foi modificado, neste momento. Esta afirmativa seria óbvia se estivéssemos pensando nos ready-mades de Marcel Duchamp, mas estamos nos referindo apenas aos panfletos dadaístas. Além disto, este movimento esboçou o que depois viria a tornar-se a linguagem artística performance ( happennings , body-art , art corporel ) que trouxe a arte tornada efêmera, o tempo como elemento estético da arte, o corpo como sujeito e objeto da arte, a arte multidisciplinar. Tantas novidades foram geradas por uma realidade no limite do absurdo: a Primeira Guerra, dita, mundial que na realidade arrasou a Europa matando 8.700 mil pessoas. Apenas na França, a guerra deixou 700 mil mutilados! O dadaísmo nasce desta realidade, deste momento histórico. A arte está toda plena da história, da política, da economia, da produção industrial, atualmente, da ecologia das, ditas, novas tecnologias, da globalização. Por isso mesmo, me referi acima, a uma nova ecologia simbólica. A noção de ecossistema é uma noção que evidencia que a menor parte é imprescindível para o todo e que este todo pode ser destruído por um mal-estar pequeno de uma menor parte. Assim "voluem" (para evitar o 'evoluir' carregado de uma noção de progresso) a arte, as técnicas, as ciências, as histórias…, por processos rizomáticos em planos imanentes diriam Gilles Deleuze e Félix Guattari. [i] A técnica da informática (a palavra 'tecnologia' - saber sobre a técnica- tem sido utilizada, sem uma maior reflexão, para designar uma técnica avançada), a técnica digital, e a rede de informações, como anteriormente outras técnicas, vêm, certamente, ampliar as possibilidades da arte. Mas também, a globalização virá modificar o conteúdo da arte. A fotografia digital, altamente manipulável, virá reconduzir a falsa ideia de que a fotografia química representava o real. De fato, a fotografia sempre foi um corte do real, corte espacial (recorte) e temporal (60 avos de segundo, em média), uma manipulação do real, fosse ela manipulação de iluminação ou de laboratório.  Os efeitos especiais, no cinema, e as animações tridimensionais geradas por computador, eu diria, estão arrancando nossas crianças do que se crê real. Nos parques de diversões imergimos em realidades tridimensionais, totalmente geradas por computador, e somos levados à sensações físicas de desconforto como na realidade. E para as crianças, sem uma noção precisa da diferença entre real e imaginado/criado pelo homem e suas técnicas, estas experiências se incrustam… A rede de informações, que do meu ponto de vista, só é rede de comunicações quando há performance, interlocução, vem interceptar o quotidiano, daqueles que a ela tem acesso, de forma radical e definitiva.  Muitos são os pontos sobre os quais incidem estas novidades técnicas: os livros se redefiniram com os CD- Rons; a música, tanto em seu fazer artístico quanto em sua forma de difusão, multiplicou possibilidades; a matemática revitalizou-se com os fractais de Mandelbrot, e a teoria do caos redimensionou a física, a química e a biologia; a meteorologia, a ecologia,… tudo está sendo monitorado por satélites o tempo todo, os computadores, a partir dos dados recolhidos, chegam a resultados nunca imaginados. Para o artista, de fato, não importa utilizar-se, ou não, das novas técnicas. Utilizar-se de novas técnicas não implica necessariamente fazer uma arte nova. Ao contrário, muitas vezes, o artista ao utilizar-se de novas técnicas, se perde, perde a busca de algo que realmente represente as inquietações, os prazeres e a consciência do público. O público, também, ao maravilhar-se com a novidade técnica, perde seu senso crítico. O que importa, para o artista, é estar consciente dos anseios do indivíduo, sabedor das realidades locais e pleno dos processos no mundo. Independentemente da técnica utilizada, importa realizar um trabalho que, como conceito, esteja imerso na atualidade.


 http://www.corpos.org/papers/artefoto.html

quinta-feira, 15 de maio de 2014

COMO LER UMA OBRA DE ARTE

É possível ler uma obra de arte? Sim! Do mesmo jeito que aprendemos a ler, decodificar a linguagem verbal, ou seja, as letras, palavras, frases, etc., precisamos aprender a ler obras de Arte.

E como realizar a leitura de uma obra de Arte? É muito importante ressaltar que não existe um único caminho para a leitura de obras de Arte, mas...
...durante essa leitura é importante levantar aspectos relacionados a:

LEITURA FORMAL: observar os elementos que compõem, formam a obra de Arte, ou seja, os elementos expressivos, como a linha, a cor, o volume, a perspectiva.

LEITURA INTERPRETATIVA: este é um momento muito rico, em que não existe certo nem errado. Durante esta leitura é possível a cada espectador colocar o que pensa sobre a obra que está vendo, pois cada ser humano percebe, vê e sente uma obra de Arte de acordo com sua história de vida, com o que já sabe e conhece sobre arte.

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA: localizar a obra no tempo histórico e no espaço, observando o tema, os significados, ou seja, os contextos em que foi criada, auxiliando na compensação e no significado da obra em questão.
Quando apreciamos produções artísticas, esses aspectos acabam por interagir uns com os outros, pois a leitura de uma obra de arte é percebida, sentida e significada a partir de nossos conhecimentos, vivências e percepções. Ao fruir a produção artística da humanidade, estamos realizando um diálogo com o mundo.
           
Quanto mais estivermos em contato com obras de Arte, mais nos aprofundamos nessa linguagem e consequentemente em sua leitura, mais ampliamos nosso repertório, conhecimento e compreensão da produção de Arte da humanidade, quer seja em museus, galerias, exposições, ou até mesmo através de reproduções, pois em alguns casos a presença frente às originais não é possível.


LER é atribuir significados a algum texto, no caso de obras artísticas, estamos falando de textos visuais, que são lidos a partir do momento que começamos a estabelecer relações entre as situações que nos são impostas pela nossa realidade e de nossa atuação frente a estas questões, na tentativa de compreendê-las e resolve-las. A leitura se torna real quando estabelecemos essas relações.

SEMANA DE ARTE MODERNA

A Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo, no Teatro Municipal, de 11 a 18 de fevereiro, teve como principal propósito renovar, transformar o contexto artístico e cultural urbano, tanto na literatura, quanto nas artes plásticas, na arquitetura e na música. Mudar, subverter uma produção artística, criar uma arte essencialmente brasileira, embora em sintonia com as novas tendências europeias, essa era basicamente a intenção dos modernistas.
Durante uma semana a cidade entrou em plena ebulição cultural, sob a inspiração de novas linguagens, de experiências artísticas, de uma liberdade criadora sem igual, com o consequente rompimento com o passado. Novos conceitos foram difundidos e despontaram talentos como os de Mário e Oswald de Andrade na literatura, Víctor Brecheret na escultura e Anita Malfatti na pintura.
O movimento modernista eclodiu em um contexto repleto de agitações políticas, sociais, econômicas e culturais. Em meio a este redemoinho histórico surgiram as vanguardas artísticas e linguagens liberadas de regras e de disciplinas. A Semana, como toda inovação, não foi bem acolhida pelos tradicionais paulistas, e a crítica não poupou esforços para destruir suas ideias, em plena vigência da República Velha, encabeçada por oligarcas do café e da política conservadora que então dominava o cenário brasileiro. A elite, habituada aos modelos estéticos europeus mais arcaicos, sentiu-se violentada em sua sensibilidade e afrontada em suas preferências artísticas.
A nova geração intelectual brasileira sentiu a necessidade de transformar os antigos conceitos do século XIX. Embora o principal centro de insatisfação estética seja, nesta época, a literatura, particularmente a poesia, movimentos como o Futurismo, o Cubismo e o Expressionismo começavam a influenciar os artistas brasileiros. Anita Malfatti trazia da Europa, em sua bagagem, experiências vanguardistas que marcaram intensamente o trabalho desta jovem, que em 1917 realizou a que ficou conhecida como a primeira exposição do Modernismo brasileiro. Este evento foi alvo de escândalo e de críticas ferozes de Monteiro Lobato, provocando assim o nascimento da Semana de Arte Moderna.
O catálogo da Semana apresenta nomes como os de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, John Graz, Oswaldo Goeldi, entre outros, na Pintura e no Desenho; Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg, na Escultura; Antônio Garcia Moya e Georg Przyrembel, na Arquitetura. Entre os escritores encontravam-se Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, e outros mais. A música estava representada por autores consagrados, como Villa-Lobos, Guiomar Novais, Ernani Braga e Frutuoso Viana.
Em 1913, sementes do Modernismo já estavam sendo cultivadas. O pintor Lasar Segall, vindo recentemente da Alemanha, realizara exposições em São Paulo e em Campinas, recepcionadas com certa indiferença. Segall retornou então à Alemanha e só voltou ao Brasil dez anos depois, em um momento bem mais propício. A mostra de Anita Malfatti, que desencadeou a Semana, apesar da violenta crítica recebida, reunir ao seu redor artistas dispostos a empreender uma luta pela renovação artística brasileira. A exposição de artes plásticas da Semana de Arte Moderna foi organizada por Di Cavalcanti e Rubens Borba de Morais e contou também com a colaboração de Ronald de Carvalho, do Rio de Janeiro. Após a realização da Semana, alguns dos artistas mais importantes retornaram para a Europa, enfraquecendo o movimento, mas produtores artísticos como Tarsila do Amaral, grande pintora modernista, faziam o caminho inverso, enriquecendo as artes plásticas brasileiras.
A Semana não foi tão importante no seu contexto temporal, mas o tempo a presenteou com um valor histórico e cultural talvez inimaginável naquela época. Não havia entre seus participantes uma coletânea de ideias comum a todos, por isso ela se dividiu em diversas tendências diferentes, todas pleiteando a mesma herança, entre elas o Movimento Pau-Brasil, o Movimento Verde-Amarelo e Grupo da Anta, e o Movimento Antropofágico. Os principais meios de divulgação destes novos ideais eram a Revista Klaxon e a Revista de Antropofagia.
O principal legado da Semana de Arte Moderna foi libertar a arte brasileira da reprodução nada criativa de padrões europeus, e dar início à construção de uma cultura essencialmente nacional.
 Cândido Portinari
Brasil
Meu Brasil brasileiro 
Meu mulato inzoneiro 
Vou cantar-te nos meus versos... 
Portinari não fez versos como Ari Barroso autor da letra do samba-exaltação Aquarela do Brasil, mas dedicou-se como poucos a um profundo mergulho na vida, nas alegrias, nas festas, no trabalho e nas lutas de seu povo, tornando-o o tema central de sua vasta obra que envolveu a pintura, a gravura e desenho. 

Nascido em 1903 na cidade de Brodósqui, no interior do estado de São Paulo, Cândido Portinari envolveu-se cedo com as artes. Por volta de 1919 foi para o Rio de Janeiro, onde estudou no Liceu de Artes e Ofícios e na Escola Nacional de Belas Artes. Aproveite para contar para os alunos que essa era a mais tradicional e importante escola de arte no Brasil. A instituição tinha suas raízes no século 19, quando se chamava Academia Imperial de Belas Artes - lá haviam estudado grandes nomes como os pintores José Ferraz de Almeida Jr., Pedro Américo, Pedro Alexandrino, entre outros. 

Em 1928, Portinari conquistou um grande prêmio: uma viagem à Europa, quando visitou diversos países e conheceu de perto a obra dos grandes mestres da pintura. 

Embora sua primeira formação tenha sido bastante tradicional, o artista sofreu influências das vanguardas europeias como o expressionismo, o cubismo e o surrealismo, determinantes para que ele se envolvesse com as tendências modernas que despontavam no Brasil. 

Aos poucos seu trabalho ganhou reconhecimento no Brasil e no exterior. Portinari foi o primeiro artista brasileiro modernista a conquistar um prêmio no exterior. Sua obra Café foi premiada nos Estados Unidos, no Carnegie Institute of Pittsburgh. A partir daí, suas pinturas abriram portas para uma série de grandes realizações e premiações. 

Algumas das características do trabalho do artista são a monumentalidade de suas formas e o envolvimento com as questões sociais do país. Isso mostra como recebeu a influência dos artistas muralistas mexicanos e da obra de Pablo Picasso (especialmente a pintura "Guernica"). 

Entre os modernistas brasileiros, Portinari foi, sem dúvida, um dos que mais penetraram e divulgaram no exterior a vida de seu povo.

Aproveite a explicação para mostrar algumas das obras de Portinari à turma que revelem esse traço de "pintor social" (você pode aproveitar o site do Projeto Portinari ). Mostre como o artista esteve empenhado em retratar temas ligados à realidade do povo brasileiro: desde as brincadeiras de rua (empinar pipa, jogar bola etc), a vida dos trabalhadores, até alguns dos problemas como o dos retirantes nordestinos que sofrem com as regiões mais secas do nosso sertão. Destaque como, por meio dos elementos visuais, ele tornou seu trabalho expressivo, a maneira como lidou com as cores e as formas que tornaram as cenas escolhidas mais tocantes. 

Alguns dos trabalhos mais conhecidos de Portinari são murais realizadas no Brasil, como os painéis do prédio do Ministério da Educação e Cultura - Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, e o mural da Igreja de São Francisco, no conjunto arquitetônico da Pampulha (projeto de Oscar Niemeyer) em Belo Horizonte. No exterior destacam-se os painéis da sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, e os da Biblioteca do Congresso, em Washington D.C. (EUA), entre outros. 

ARTE AFRICANA

Ela representa os usos e costumes das tribos africanas. O objeto de arte é funcional, desenvolvido para ser utilizado, ligado ao culto dos antepassados, profundamente voltado ao espirito religioso, característica marcante dos povos africano. É uma arte extremamente representativa, chama atenção pela sua forma e estética e os simples objetos de uso diário, como ornamentos e tecidos, expressam muita sensibilidade. Nas pinturas, assim como nas esculturas, a presença da figura humana identifica a preocupação com os valores étnicos, morais e religiosos. A escultura foi uma forma de arte muito utilizada pelos artistas africanos usando-se o ouro, bronze e marfim como matéria prima. Representando um disfarce para a incorporação dos espíritos e a possibilidade de adquirir forças mágicas, as máscaras tem um significado místico e importante na arte africana sendo usadas nos rituais e funerais. As máscaras são confeccionadas em barro, marfim, metais, mas o material mais utilizado é a madeira. Para estabelecer a purificação e a ligação com a entidade sagrada, são modeladas em segredo na selva. Visitando os museus da Europa Ocidental é possível conhecer o maior acervo da arte antiga africana no mundo.

 AS FORMAS DA ARTE AFRICANA

 A pintura é empregada na decoração das paredes dos palácios reais, celeiros, das choupas sagradas. Seus motivos, muito variados, vão desde formas essencialmente geométricas até a reprodução de cenas de caça e guerra. Serve também para o acabamento das máscaras e para os adornos corporais. A mais importante manifestação da arte africana é, porém, a escultura. a madeira é um dos materiais preferidos. Ao trabalha-la, o escultor associa outras técnicas (cestaria, pintura, colagem de tecido).

 MÁSCARAS

As "máscaras" são as formas mais conhecidas da plástica africana. Constituem síntese de elementos simbólicos mais variados se convertendo em expressões de vontade criadora do africano, foram objetos que mais impressionaram os povos europeus desde as primeiras exposições em museus do Velho Mundo, através de milhares de peças saqueadas do patrimônio cultural da África, embora sem reconhecimento de seu significado simbólico.
A máscara transforma o corpo do bailarino que conserva sua individualidade e, servindo-se dele como se fosse um suporte vivo e animado, encarna a outro ser gênio, animal mítico que é representando assim momentaneamente. Uma máscara é um ser que protege quem a carrega. Está destinada a captar a força vital que escapa de um ser humano ou de um animal, no momento da morte. A energia captada na máscara é controlada e posteriormente redistribuída em benefício da coletividade.

 DANÇA

Na dança africana, cada parte do corpo movimenta-se com um ritmo diferente. O s pés seguem a base musical, acompanhados pelos braços que equilibram o balanço dos pés. O corpo pode ser comparado a uma orquestra que, tocando vários instrumentos, harmoniza-os numa única sinfonia. No momento que a sacerdotisa dança para Oxum, ela está criando a água doce não só através do movimento, mas através de todo o aparelho sensorial. A memória é o aspecto ontológico da estética africana. É a memória da tradição, da ancestralidade e do antigo equilíbrio da natureza, da época na qual não existiam diferenças, nem separação entre o mundo dos seres humanos e os dos deuses.

PINTURA

A pintura parece ser atividade bastante apreciada por essas tribos, realizadas em superfícies como pedras.
O melhor exemplo desse tipo de prática pode ser dado pelas pedras decoradas do Sahara, pintadas durante interrompidos períodos de tempo.
Essas pinturas eram realizadas por nômades pastores que por ali passavam e, muito provavelmente, faziam parte de seus ritos de iniciação para a vida adulta, tema frequente da arte primitiva.


ESCULTURA E ARQUITETURA


Entretanto, têm sido de povos agricultores os mais conhecidos exemplos da arte africanas, como esculturas, a princípio colecionadas por arqueólogos e etnografistas do Século 19.
A arquitetura também pôde desenvolver-se nessas áreas. Entre os povos migratórios, a escultura só pode ser realizada em pequena escala.

Os Ife, cuja cultura floresceu entre o ano 1000 e 1500 da Era Cristã, na região da Nigéria, eram conhecidos pelo seu estilo de esculturas em bronze mais naturalistas (principalmente nas representações da cabeça, uma vez que o restante do corpo não possuía aproximação com as proporções reais).
São bastante variados os tipos de trabalhos encontrados desse povo, sobretudo pela enorme quantidade de artistas que os realizavam.


MÚSICA


A música popular da África, como a música tradicional africana, é vasta e variada. A maioria dos gêneros contemporâneos de música popular africana baseada na polinização cruzada com a música popular ocidental. Muitos gêneros da musica popular como blues, jazz, salsa e rumba derivam em diversos graus das musicais tradicionais da África, levadas para as Américas por escravos africanos.
Embora não haja distintamente música pan-africana, não são comuns formas de expressões musicais, especialmente no interior das regiões.

 INFLUÊNCIA AFRICANA

No dia 28 de outubro de 1846, o Presidente da República Joaquim Suáres, aboliu a escravidão no Uruguai num processo que começou em 1825. Com a abolição da escravatura, os rituais de dança e africanas foram descritas em alguns documentos em Montevideo e no campo, que ficaram conhecidos como Tangós.
O tango se desenvolveu simultaneamente em Montevideo e em Buenos Aires. Tradicionalmente considera-se uma criação de imigrantes italianos e espanhóis, os conhecedores opinam que a dança e a música africana influenciaram profundamente a música e os movimentos da dança que se associam com o tango.
Chegada ao Brasil: A arte africana chegou ao Brasil através dos escravos, que foram trazidos para cá pelos portugueses durante os períodos colonial e imperial. Em muitos casos, os elementos artísticos africanos fundiram-se com os indígenas e portugueses, para gerar novos componentes artísticos de uma magnifica arte afro-brasileira. 

INFLUÊNCIA AFRO: A ARTE AFRICANA E O CUBISMO

Cubismo foi um dos principais, se não um dos mais comentados, estilos do Modernismo, das chamadas Vanguardas. Mas o que a “Arte Africana” tem a ver com isso?

Pablo Picasso (1881-1973), um dos precursores do Cubismo começou a desenvolver o estilo a partir de visitas a uma exposição de Arte Africana, no Museu do Homem de Paris, em 1905.

O trabalho exposto causou uma forte impressão no artista, especialmente as máscaras, o que fez com que ele procurasse retratá-las em suas pinturas. As máscaras, carregadas de significados sagrados, mas também pela simplificação das formas, tornaram-se referência para alguns artistas do Modernismo, em especial para Picasso, que, influenciado por elas, inaugurou uma nova fase da sua obra, o que alguns estudiosos denominam como protocubismo, um antecedente do cubismo, como podemos perceber nas imagens a seguir.·.
Ao lado, uma máscara da cultura Fang, observamos a ideia de simplificação das formas, ou seja, quais elementos são necessários para a confecção de um rosto. Essa ideia foi muito importante no cubismo.

Logo a seguir, na tela LesDemoiselle d'Avignon, de Picasso, percebemos nas duas figuras da direita a semelhança com as máscaras. Também, é possível notar que nas cores do quadro há a predominância de tons terrosos, outra forte referência às cores das máscaras africanas.

O CUBISMO


O cubismo nasceu com o artista Cézanne, quando ele representou a natureza, com cilindros, esferas e cones, em 1906. Em 1907, Picasso pinta o quadro “LesDemoiselles d’ Avignon” com claro conteúdo cubista. Mas, em 1908, no Salão de Paris, outro pintor, chamado Matisse, julgando uma pintura de Braque disse: “Demasiados Cubos”. Sem saber, Matisse estava batisando a nova pintura.
Seus principais representantes foram os artistas plásticos: Picasso, Braque, Léger, Juan Gris e Marcel Duchamp.
Pablo Picasso foi considerado um dos gênios do século XX, passou por várias fases em sua pintura, inclusive o figurativo, mas o que o consagrou forma os trabalhos cubistas. Uma das características mais importantes de sua obra são as faces compostas de dois lados: uma de perfil, outra de frente.
Picasso morreu em 1973, aos 91 anos, no sul da França.