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domingo, 12 de fevereiro de 2017

Resumo adaptado do manual do professor - livro Por Toda PARTE



DISCIPLINA: ARTE                       PROFESSORA: ÁUREA MOTA MORAES    2017


Resumo adaptado do manual do professor - livro  Por Toda PARTE

  Autores: Solange Utuari, Carlos Kater, Bruno Fischer e Pascoal Ferrari.

          Desde a década de 80 a sociedade tem passado por transformações que influenciam todas as suas instituições. No início do século XXI, assistimos à emergência de saberes que contemplam as múltiplas e diversas culturas, os múltiplos e diversos modos de pensar a sociedade.
          O conhecimento e o ensino da Arte têm sido historicamente reinventados, criando e recriando diferentes linguagens e novas formas de expressão e de investigação do mundo. A Arte é um campo de conhecimento que está sempre conectado a seu tempo, emerge e dialoga com o novo: novas formas de ver, sentir e agir no mundo.
           A arte nos ensina a encontrar prazer na vida e compreender a existência humana na sua plenitude. Ela nos ensina a viver com intensidade as múltiplas formas de manifestação de diferentes sensações e sentimentos e pode ser explicada pela ciência e sentida pela existência humana.
   O que é arte?
   Para que serve a arte? 
   O que é o ensino da arte?
            O significado mais difundido de arte é aquele que a define como atividade humana ligada a manifestações estéticas realizadas por artistas com base naquilo que percebem, sentem e pensam, com a finalidade de despertar nas pessoas o interesse pela obra de arte produzida.
            Os significados de muitos termos são criados e modificados ao longo da história, e a arte não escapa disso. Como criação humana, ela se manifesta e se modifica em diferentes culturas.
            Todos os conceitos e significados são construídos num determinado contexto por meio de vivências e práticas que implicam uma apropriação individual de uma herança de costumes, valores e conhecimentos gerados em condições históricas e sociais diversas.  Ao longo dos tempos, criamos diferentes modos de fazer arte que são condicionados pelo contexto em que o ser humano se encontra e constituem identidades sociais.
            A finalidade da arte é possibilitar ao ser humano a criação de símbolos que, de alguma maneira expressam, o que não está aparente, dando-lhe sentido, falando ao sentimento e à imaginação. A expressão é o modo pelo qual o ser humano manifesta sentimentos e emoções.
            No Brasil, podemos falar em ensino de Arte a partir do século XIX, com a chegada Missão Artística Francesa ao nosso país em 1816. É a partir da segunda metade do século XX que o ensino da Arte vai, aos poucos, conquistando autonomia e relevância como área de conhecimento própria e significativa.
            O século XX foi inovador e conflituoso em todos os aspectos da vida em sociedade: na economia, na política, na cultura, na educação.
            Durante o período de 1964 a 1984 vivemos a ditadura militar, momento de repressão às manifestações e expressões. Vimos a censura atuando na literatura, na música, na produção artística em geral. Todas as manifestações contrárias eram cerceadas.
            O contato com qualquer expressão artística tem um papel fundamental no processo da formação crítica do indivíduo. A arte é a percepção da realidade, criando no ser humano formas sensíveis de ler o mundo. Ela é também uma das formas de expressar nossa percepção da realidade, mesmo em contextos políticos desfavoráveis à liberdade de manifestação.
            Diante dos acontecimentos daquele contexto, muitos protestos se deram inclusive por meio da arte. Podemos afirmar que mesmo quando é proibido dizer o que se pensa, é próprio da natureza humana encontrar meios para se expressar. A arte é uma dessas maneiras. Cildo Meireles (1948), artista plástico carioca, criou a obra Inserções em circuitos ideológicos: Projeto cédula, na qual carimbou a frase “Quem matou Herzog?” sobre cédulas de dinheiro. O artista realizou essa intervenção no mesmo ano da morte do jornalista. Como usou cédulas de dinheiro corrente, era quase impossível conhecer a autoria daquele tipo de arte, e desta forma Meireles pôde levar suas ideias ao público.
            Observamos, assim, que a arte não estava nos museus, mas nas ruas, e foi ao encontro das pessoas em suas ações mais corriqueiras, como o uso de uma nota de dinheiro. Trata-se de uma arte conceitual, uma voz que circula e sussurra nos ouvidos do cotidiano pedindo justiça e liberdade.
            A década de 1980 trouxe consigo a marca da expansão dos direitos sociais do brasileiro, a saída de um processo de repressão e a retomada da liberdade política e de expressão. Isso significou a retomada do processo democrático.
            Na década de 1990, já tínhamos a Constituição Federal e mudanças significativas na sociedade, mais democrática e mobilizada em prol dos direitos dos cidadãos.
            No início do século XXI é necessário que conhecimentos abrangentes sejam integrados ao ensino da arte. Novas tendências surgem e estabelecem as relações entre a educação estética e os valores de múltiplas culturas do cotidiano.
            A sociedade Contemporânea nos coloca diante de transformações tão rápidas que aceleram o modo de pensar e agir do ser humano, determinam a forma de ser no mundo, o trabalho e a convivência social. Estamos vivendo a globalização, que impõe a necessidade da formação e qualificação de um novo cidadão do/no mundo. Trata-se de uma “cultura globalizada”, o que significa “o rico, complexo e imenso conjunto de culturas que se entrecruzam no planeta” (FERREIRA, 2006, p.31). São múltiplas culturas que se desenvolvem em diferentes contextos e expressam princípios, costumes e valores diferentes ou mesmo antagônicos. Essas múltiplas culturas exigem novas condições sociais, políticas e econômicas, nas quais se desenvolve o novo cidadão.

HISTÓRIA E CULTURAS AFRO-BRASILEIRAS
            A afrodescendência destaca-se como termo emergente no campo das políticas educacionais que visam garantir o acesso à escola e a permanência nela – uma educação democrática, justa e igual para todos. 
            As lutas e conquista legais contra o racismo no Brasil tiveram início em 1951 com a Lei Afonso Arinos. Em consonância com ações de combate ao racismo, essa lei caracterizou a discriminação racial como contravenção penal e proibiu a discriminação racial no Brasil.
            A Constituição de 1988 considerou a pratica do racismo crime inafiançável e imprescritível; também definiu as diferentes manifestações culturais como um bem de todos. As leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08 alteram a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394/96), com a finalidade de formar cidadãos conscientes de que a sociedade brasileira é culturalmente diversa e contém múltiplas etnias – com destaque para os negros africanos que vieram ao Brasil para realizar trabalhos escravos.
            Notamos em nossos livros didáticos uma preponderância da cultura europeia na abordagem da História do Brasil, enquanto as culturas negras e indígenas são referidas de forma pejorativa. Escamoteia-se no processo de formação educacional, a presença dos povos negros e indígenas como parte da Constituição Federal Brasileira.
           
HISTÓRIA E CULTURA INDÍGENA
            Os povos indígenas já habitavam essas terras quando da chegada dos europeus e foram submetidos a um processo de aculturação e exploração. Como resultado, vemos hoje o desrespeito, a desvalorização e a caracterização da história produzida por esses povos, de sua cultura, costumes e valores.
            Há um ocultamento e consequente desconhecimento quanto ao genocídio e etnocídio praticados contra as populações indígenas no Brasil: era cerca de 6   milhões à época do chamado “descobrimento”; hoje, estão estimados em 350 e 500 mil indígenas.

            Outro aspecto a ser destacado é o fato de sua formação étnica ser composta por aproximadamente 220 povos, o que representa diferentes linguagens e modos de viver e pensar dos indígenas.