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sábado, 12 de julho de 2014
Breve História do cinema no Brasil
Do século XIX, quando os Irmãos Lumière criaram o primeiro
cinematógrafo, até os dias de hoje, muita coisa mudou no mundo da sétima arte. O que era apenas uma experiência científica
derivada da fotografia se transformou em um dos negócios mais lucrativos da indústria
do entretenimento.
Sete meses se passaram da primeira projeção de cinema em Paris, para
que o cinematógrafo dos irmãos Lumière atravessasse o Atlântico e desembarcasse no Rio de Janeiro, na época capital do Brasil.
Em 8 de julho de 1896 foi exibida a primeira sessão pública
cinematográfica utilizando um aparelho chamado Omniographo (projetor de imagens
animadas através de uma série de fotografias).
A primeira sala fixa de exibições foi inaugurada em 1897.
Em junho de 1898, Afonso Segreto (irmão de Pascoal) em sua chegada da
Europa, registra com uma câmera Lumièr algumas imagens da Baía de Guanabara.
A partir daí os irmãos Segreto passam a filmar imagens dos
acontecimentos cívicos, e os personagens no poder, como por exemplo, o então
presidente Prudente de Morais.
Cerimônias, festas públicas, acontecimentos importantes e aspectos da
cidade são filmados pelos irmãos num momento crucial de transformações,
tornando-os praticamente os únicos produtores de cinema do país até 1903.
Dois anos depois, em 13 de fevereiro de 1898, José Roberto de
Cunha Sales (Médico e ex. sócio de Pascoal Segreto) realiza uma a primeira exibição cinematográfica em São Paulo.
O cinema se espalha por outras partes do Brasil, além do eixo Rio-São
Paulo.
A futura “sétima arte” começa a dar seus primeiros passos em Aracaju em
1899, no Belém do Pará em 1909, com o espanhol Ramón de Baños dedicando-se à
produção de documentários; em Manaus por volta de 1912, Porto Alegre com o
alemão Eduardo Hirtz, pioneiro do cinema gaúcho que produziu uma série de
documentários entre 1907 e 1915.
No estado do Paraná, ainda no final de 1907, Ammibal Rocha Requião
realiza seu primeiro filme, registrando imagens de um desfile militar. A Bahia,
entre os anos de 1909 e 1912,também contribuiu para o nascimento do cinema
brasileiro.
Além dos irmãos Segretos, outros nomes merecem destaque na
história do cinema brasileiro. São eles: os irmãos Labanca, Francisco Serrador;
além dos primeiros operadores profissionais Júlio Ferrez, os irmãos Botelho e
Paulo Benedetti.
Francisco Serrador começou como exibidor ambulante em 1904, em Curitiba, e
criou um circuito de salas que existem até hoje. Serrador começou a rodar “os
cantantes”, filmes contados através da tela – pelos atores da película.
Como por exemplo, Paz e amor (1910), o mais importante desse gênero que
prenunciava os carnavalescos da década de 20.
Os operadores profissionais Júlio Ferraz, os irmãos Botelho e Paulo Benedetti
realizaram reportagens importantes como: A revolta dos marinheiros (1910), Dois
anos antes (1908) o cinema brasileiro começa a produzir ficções: Nerô a comédia
Anastácio chegou de viagem e os estranguladores foram o primeiro sucesso
cinematográfico do Brasil, com mais de 800 exibições no Rio de Janeiro.
Os Estranguladores foi baseado num crime que abalou a sociedade carioca, e
inaugurou a chamada “reportagem policial” .
Outro grande sucesso de exibições é o filme “cantante” Paz e amor (1910), feito
por William Awer, que alcançou quase 1000 apresentações, retratando a vida
política da república com ares de ridicularizarão e paródia.
O cinema brasileiro já caminha com passos mais seguros em 1910. Novos
cinemas foram inaugurados no Rio de Janeiro. Nos primeiros filmes de ficção, os
atores vêm do teatro, como por exemplo: João Barbosa, Adelaide Coutinho,
Leopoldo Fróis, Abigail Maia, Antônio Serra, entre outros.
Os estúdios cariocas já produzem em poucos anos mais de 100 filmes, e o produto
brasileiro tem a preferência do público em detrimento dos similares
estrangeiros.
Mas em 1911 chega ao Brasil uma embaixada de capitalistas americanos
interessados no mercado promissor brasileiro tanto para produção quanto para a
exibição de filmes dos EUA.
Em 29 de janeiro do mesmo ano é fundada a Companhia Cinematográfica Brasileira,
com a gerência de Francisco Serrador, industriais e banqueiros ligados ao
capital estrangeiro, o que resulta na compra de salas de cinema em todo o país,
maior organização do mercado exibindo principalmente no que se refere às
películas estrangeiras.
A Cia. Decide praticamente só exibir filmes estrangeiros. O resultado é
desastroso: a produção brasileira de filmes sofre uma grande queda. Atores,
Atrizes, cinegrafistas, técnicos e fotógrafos perdem seus empregos.
O cinema americano pouco a pouco assume a hegemonia. As grandes
produtoras estrangeiras montaram suas distribuidoras no país. Em 1924, mais de
80% dos filmes exibidos vinham dos EUA e a produção nacional não atingia os 2%,
e por um bom tempo, o cinema brasileiro vai ficar escondido na sombra da produção
cinematográfica dos EUA.
No período de 1950 a 1960, em São Paulo, paralelo à fundação do Teatro
Brasileiro de Comédia e abertura do Museu de Arte Moderna, surge o estúdio da
Vera Cruz que através de fortes investimentos e contratação de profissionais
estrangeiros busca produzir no Brasil, uma linha de filmes sérios, industrial,
com uma preocupação estético-cultural hollywoodiana e com a participação de grandes
estrelas como Tônia Carreiro, Anselmo Duarte, Jardel Filho, entre outros. A
Vera Cruz tinha uma produção cara e de qualidade, mas faltava-lhe uma
distribuidora própria e salas para absorver a sua produção, uma de suas
produções foi premiada em Cannes, o filme Cangaceiro, de Lima Barreto.
Mazzaropi foi um dos grandes sucessos da Vera Cruz.
Radialista e artista de circo foi o responsável pela criação do matuto Jeca
Tatu, baseado na obra de Monteiro Lobato. “Sua caricatura do homem simples do
interior, porém esperto deu início a uma série de filmes como Sai da Frente”
(1951), “Chico Fumaça” (1956) dentre outros, e fez tanto sucesso que abriu a
Pam Filmes (Produções Amácio Mazzaropi), sua própria empresa, onde interpretou,
dirigiu, produziu e distribuiu seus filmes.
A década de 60, o surgimento do “Cinema novo” trouxe status para o
nosso cinema nacional, com filmes marcantes como “O Pagador de Promessas” de
Anselmo Duarte, que foi premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes. O
grande lema era “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, e lá vinham nossos
cineastas mostrando nosso lado mais obscuro, como a pobreza e os problemas
sociais que podem ser visto em filmes como “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e
“Terra em Transe”, de Glauber Rocha. Um dos grandes nomes deste período foi
Nelson Pereira dos Santos. Outros filmes de destaque foram “Barravento”, “Os
Cafajestes” (1961) e “Vidas Secas” (1964).
Infelizmente com a chegada da década de 70 a crise nas artes atingiu o cinema,
que já não podia abordar questões sociais e tão somente passou a registrar
filmes de consumo fácil: as chamadas pornochanchadas. Larga escala de filmes
pífios começaram a ser produzidos, e foi aí que surgiu a ideia de que filme
nacional não valia o ingresso, que só começou a redesenhar-se com qualidade a
partir de meados da década de 90, com o ressurgimento do nosso cinema.
Final de 1992, ainda no governo de Itamar Franco, o Ministro da Cultura
Antônio Houaiss cria a Secretaria para o Desenvolvimento do Audiovisual, que
libera recursos para produção de filmes através do Prêmio Resgate do Cinema
Brasileiro e passa a trabalhar na elaboração do que viria ser a Lei do
Audiovisual, que entraria em vigor no governo de Fernando Henrique Cardoso.
A partir de 1995, começa-se a falar numa "retomada" do cinema
brasileiro. Novos mecanismos de apoio à produção, baseados em incentivos
fiscais e numa visão neoliberal de "cultura de mercado", conseguem
efetivamente aumentar o número de filmes realizados e levar o cinema brasileiro
de volta à cena mundial. O filme que inicia este período é Carlota Joaquina,
Princesa do Brasil (1995) de Carla Camurati, parcialmente financiado pelo
Prêmio Resgate. No entanto, as dificuldades de penetração no seu próprio mercado
continuam: a maioria dos filmes não encontra salas de exibição no país, e
muitos são exibidos em condições precárias: salas inadequadas, utilização de
datas desprezadas pelas distribuidoras estrangeiras, pouca divulgação na mídia
local.
Em 1997, para alcançar o mercado cinematográfico, as Organizações Globo
criaram sua própria produtora, a Globo Filmes, empresa especializada que veio a
reposicionar o cinema brasileiro em, praticamente, todos os segmentos. Isto
porque, em um curtíssimo tempo, a produtora Globo Filmes viria a se tornar um
grande monopólio ocupante do mercado cinematográfico brasileiro. Entre 1998 e
2003, a empresa se envolveu de maneira direta em 24 produções cinematográficas,
e a sua supremacia se cristalizaria definitivamente no último ano deste
período, quando os filmes com a participação da empresa obtiveram mais de 90%
da receita da bilheteria do cinema brasileiro e mais de 20% do mercado total.
Alguns filmes lançados na primeira década do novo século, com uma
temática atual e novas estratégias de lançamento, como Cidade de Deus (2002) de
Fernando Meirelles, Carandiru (2003) de Hector Babenco e Tropa de Elite (2007)
de José Padilha, alcançam grande público no Brasil e perspectivas de carreira
internacional.
Até hoje os filmes brasileiro é pouco valorizado, tanto pelos donos das salas de exibição quanto pelo
próprio público.
Leitura de Imagem e Releitura
O que é Leitura de Imagem ou Obra de Arte?
Leitura de Obras de Arte ou imagens seria o
mesmo que ler um texto, onde ao invés de letras, palavras, frases, terão uma
imagem a ser “desvendada e interpretada”, dependendo do que esta a frente e
atrás dos nossos olhos. Ler uma obra seria, então, perceber, compreender,
interpretar a trama de cores, texturas, volumes, formas, linhas que constituem
uma imagem.
O que é Releitura?
Releitura é ler novamente, é reinterpretar, é
criar novos significados com base num referencial, num texto visual que pode
estar explícito ou implícito na obra final.
Ler uma obra de arte é tirá-la de sua imobilidade
para devolver-lhe sua pulsação, é deixá-la ser na sua realidade, envolvendo-a
com o nosso eu mais íntimo. Por esse motivo, cada nova leitura é uma nova
interpretação, e são muitas as interpretações possíveis, porque somos
diferentes a cada dia e, também somos diferentes uns dos outros.
Arte, fotografia, novas técnicas. Um redimensionar constante do saber.
Falar
em arte, fotografia e novas tecnologias, significa falar do desenvolvimento
técnico, do desdobrar do saber, retrato do ser humano e da humanidade
contemporâneos. A arte sempre utilizou diferentes técnicas: técnicas médicas
para embalsamar as múmias do Egito; técnicas para fixar as tintas; técnicas de
construção (engenharia e arquitetura) em monumentos, castelos, igrejas,
técnicas artesanais para a fabricação de pincéis; as técnicas de reprodução da
imagem: xilogravura, gravura sobre metal, litografia, serigrafia, off-set,
etc. A perspectiva nada mais é do que
sistematização do olhar, uma técnica para transcrever sobre um suporte a visão.
A fotografia introduziu um procedimento químico que permitiu fixar um espectro
da imagem visualizada. Muitos creem que foi a fotografia que forçou a arte a
pintar como os impressionistas e, depois, os cubistas. Não estou bem certa
disto. Todo um contexto novo gerado pela revolução industrial deu à vida uma
nova dimensão. Havia, além do aparecimento de objetos industrializados, uma
aceleração da produção, uma aceleração da vida em si, que gerava uma nova
compreensão do mundo. Costumo dizer que havia, nesta época, como há agora, uma
nova ecologia simbólica sendo gerada. Os
impressionistas são conhecidos por pintarem ao ar livre e este fato é pensado,
muitas vezes, apenas, como um desejo de criar novidade na arte. Os
impressionistas –não esqueçamos que houve Turner, na Inglaterra, antes deles, e
que Turner muito viajou pela França fazendo aquarelas - foram levados a pintar
ao livre porque, com a revolução industrial, começou-se a produzir as tintas
industriais e as bisnagas de tinta tal quais as conhecemos hoje, e isto
facilitava enormemente o transporte das tintas. Antes, as tintas tinham que ser
produzidas pelo pintor, ou por um aluno, no atelier, e eram guardadas em
bexigas animais (tripas) frágeis ou vidros muito pesados. Cézanne pintou com
pincéis e espátulas produzidos industrialmente, obtendo uma pintura totalmente
renovada. Tintas e novas cores industriais, bisnagas de metal, pincéis e
espátulas feitos em série são frutos da Revolução Industrial que vieram
definitivamente modificar a Arte. Os dadaístas trouxeram enormes inovações, não
só para a Arte, mas também para a tipografia e a propaganda. Acredito que o
próprio conceito de arte foi modificado, neste momento. Esta afirmativa seria
óbvia se estivéssemos pensando nos ready-mades de Marcel Duchamp, mas estamos
nos referindo apenas aos panfletos dadaístas. Além disto, este movimento
esboçou o que depois viria a tornar-se a linguagem artística performance (
happennings , body-art , art corporel ) que trouxe a arte tornada efêmera, o
tempo como elemento estético da arte, o corpo como sujeito e objeto da arte, a
arte multidisciplinar. Tantas novidades foram geradas por uma realidade no
limite do absurdo: a Primeira Guerra, dita, mundial que na realidade arrasou a
Europa matando 8.700 mil pessoas. Apenas na França, a guerra deixou 700 mil
mutilados! O dadaísmo nasce desta realidade, deste momento histórico. A arte
está toda plena da história, da política, da economia, da produção industrial,
atualmente, da ecologia das, ditas, novas tecnologias, da globalização. Por
isso mesmo, me referi acima, a uma nova ecologia simbólica. A noção de
ecossistema é uma noção que evidencia que a menor parte é imprescindível para o
todo e que este todo pode ser destruído por um mal-estar pequeno de uma menor
parte. Assim "voluem" (para evitar o 'evoluir' carregado de uma noção
de progresso) a arte, as técnicas, as ciências, as histórias…, por processos
rizomáticos em planos imanentes diriam Gilles Deleuze e Félix Guattari. [i] A
técnica da informática (a palavra 'tecnologia' - saber sobre a técnica- tem
sido utilizada, sem uma maior reflexão, para designar uma técnica avançada), a
técnica digital, e a rede de informações, como anteriormente outras técnicas, vêm,
certamente, ampliar as possibilidades da arte. Mas também, a globalização virá
modificar o conteúdo da arte. A fotografia digital, altamente manipulável, virá
reconduzir a falsa ideia de que a fotografia química representava o real. De
fato, a fotografia sempre foi um corte do real, corte espacial (recorte) e
temporal (60 avos de segundo, em média), uma manipulação do real, fosse ela
manipulação de iluminação ou de laboratório.
Os efeitos especiais, no cinema, e as animações tridimensionais geradas
por computador, eu diria, estão arrancando nossas crianças do que se crê real.
Nos parques de diversões imergimos em realidades tridimensionais, totalmente
geradas por computador, e somos levados à sensações físicas de desconforto como
na realidade. E para as crianças, sem uma noção precisa da diferença entre real
e imaginado/criado pelo homem e suas técnicas, estas experiências se incrustam…
A rede de informações, que do meu ponto de vista, só é rede de comunicações
quando há performance, interlocução, vem interceptar o quotidiano, daqueles que
a ela tem acesso, de forma radical e definitiva. Muitos são os pontos sobre os quais incidem
estas novidades técnicas: os livros se redefiniram com os CD- Rons; a música,
tanto em seu fazer artístico quanto em sua forma de difusão, multiplicou
possibilidades; a matemática revitalizou-se com os fractais de Mandelbrot, e a
teoria do caos redimensionou a física, a química e a biologia; a meteorologia,
a ecologia,… tudo está sendo monitorado por satélites o tempo todo, os
computadores, a partir dos dados recolhidos, chegam a resultados nunca
imaginados. Para o artista, de fato, não importa utilizar-se, ou não, das novas
técnicas. Utilizar-se de novas técnicas não implica necessariamente fazer uma
arte nova. Ao contrário, muitas vezes, o artista ao utilizar-se de novas
técnicas, se perde, perde a busca de algo que realmente represente as
inquietações, os prazeres e a consciência do público. O público, também, ao
maravilhar-se com a novidade técnica, perde seu senso crítico. O que importa,
para o artista, é estar consciente dos anseios do indivíduo, sabedor das
realidades locais e pleno dos processos no mundo. Independentemente da técnica
utilizada, importa realizar um trabalho que, como conceito, esteja imerso na
atualidade.
http://www.corpos.org/papers/artefoto.html
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